Logo depois de Nosferatu, um outro monstro clássico da Universal Pictures ressurge nos cinemas em uma nova versão. Lobisomem, produção assinada pela Blumhouse, é a grande estreia da semana e adiciona mais uma página ao que já é quase um gênero consolidado nas telonas.
Dirigido por Leigh Whannell, conhecido pelo elogiado O Homem Invisível (leia a crítica), o longa se concentra na família de Blake (Christopher Abbott), um escritor que, ao saber da morte do pai, volta à casa na floresta onde cresceu. Acontece que, na região, circulam histórias sobre uma doença que pode transformar um homem em lobo. Por isso, moradores locais evitam estar na natureza à noite.
O que assusta mais
O filme, de apenas 1h43, dedica sua introdução à infância de Blake sob os cuidados do pai, Grady (Sam Jaeger), uma figura autoritária – que causava medo no então menino. Em uma de suas caçadas, os dois se deparam com o monstro e o trauma de testemunhar que a fera é real acaba definindo caminhos distintos para cada um. Porém, o pavor da criança diante do próprio pai deixa uma cicatriz mais funda no protagonista.
No entanto, em Blake, ficou marcada a lição de proteger os seus – uma de suas principais lembranças da figura paterna.
Cortando para os dias atuais, Blake vive na cidade com sua esposa, Charlotte (Julia Garner), e a filha, Ginger (Matilda Firth).
Em baixa na carreira, o rapaz passa maior parte do tempo com a garotinha, com quem desenvolveu um vínculo forte, mesmo demonstrando um pouco do protecionismo explosivo que o traumatizou na infância.
Charlotte, por sua vez, está mais focada na carreira de jornalista, e sente a distância que isso criou entre ela e a família – a moça, inclusive, se culpa por não ser tão próxima de Ginger quanto gostaria.
Ou seja, uma família em crise que encontra numa viagem ao interior a oportunidade que precisa para estreitar seus laços. O que poderia dar errado, não é mesmo?
Mal que vem de dentro
No caminho à propriedade no estado do Oregon (EUA), a família é atacada pelo monstro, acreditando que se tratava de um homem ou animal. E é aí que o terror começa. Quem viu o trailer (acima) já sabe que a narrativa foca na transformação de Blake num lobisomem. Para quem vai ao cinema sem saber, é tão interessante quanto amedrontador ver a transformação do protagonista numa criatura da noite.
Dito isso, o longa rende alguns momentos de tensão enquanto Charlotte e Ginger se dão conta do que está acontecendo – e momentos de horror após a revelação. O que chama atenção, além da sobrevivência das duas, é a relutância de Blake em assumir a feracidade de sua nova condição, uma vez que, mesmo como uma besta, ainda tenta proteger os seus.
Com isso, a perda do pai para as trevas acaba sendo aceitável, e o pesar mesmo fica pelo jeito triste com que mãe e filha têm de se unir. No fim das contas, talvez seja esse o principal baque do remake de Lobisomem.
Veredito
A produção tem em destaque a atuação de Julia Gardner, que consegue expressar a dor de uma mãe distante em um casamento que parece infeliz. E, na simplicidade do roteiro, se sobressai realmente o drama de Blake, como lobisomem, em tentar controlar seus instintos assassinos diante da família.
Como ápice, o título oferece cenas chocantes da transformação, em que o personagem principal se encontra num estágio entre homem e fera.