Entre 2006 e 2008, no meio do fenômeno High School Musical, as garotas se dividiam entre as que queriam ser Gabriela e as que queriam ter a vida de Sharpay Evans. Já os garotos, se dividiam entre os que queriam ser Troy Bolton e os que queriam tê-lo para si – cai entre nós, quem vos escreve estava no segundo time.
Franquia de sucesso da Disney, ‘High School Musical’ estreou seus dois primeiros filmes no Disney Channel, enquanto o terceiro chegou às telonas do cinema devido à força que tinha com o público jovem. Afinal, a trilogia tinha tudo aquilo que muitos jovens da época procuravam: personagens atraentes, amores proibidos, esporte, glamour e, o mais importante, muita música.
Em 2019, chegou ao Disney+ a série High School Musical: The Musical: The Series, que prometia ser um espetáculo de nostalgia para os fãs dos filmes. Indo por um caminho diferente de tantos revivals dos dias de hoje, a série inovou colocando as obras originais exatamente como o que elas são: filmes.
Na trama, um grupo de adolescentes decide fazer uma peça de teatro sobre seu filme favorito, ‘High School Musical’. Estudando na escola em que foram gravados os filmes, estes adolescentes vivem desventuras amorosas, crises familiares e rixas infantis, tudo isso enquanto se envolviam com música, dança e mais música. Tendo sido bem recebida pelo público, a série foi renovada algumas vezes, e sua história chegou ao fim na semana passada com o lançamento de sua quarta e última temporada.
O quarto ano volta às origens com a turma de teatro produzindo o musical baseado em High School Musical 3. Não bastasse a dificuldade de se produzir uma peça, Gina, Rick e companhia devem dividir seu tempo com a gravação de High School Musical 4: A Reunião, longa-metragem que, dentro do universo da série, traz de volta o elenco da trilogia original.
De forma original e bem-humorada, a série sabe rir de si mesma e dos filmes que a antecedem, brincando com o fato de que alguns atores da trilogia – pelo menos os que tem cachês mais baratos – voltam à East High para gravar a tão sonhada continuação. Assim, o público acompanha vários dos personagens secundários dos filmes ganhando vida novamente, agora como seus atores que servem como inspiração e mentores para os mais jovens Wildcats.
Bem equilibrada entre músicas originais e músicas de ‘High School Musical 3’, a trilha sonora da série volta com tudo, sendo boa o bastante para encantar o público com nostalgia e, ao mesmo tempo, conquistá-lo com novas ótimas canções. Já com relação a coreografias, HSMTMTS consegue facilmente superar não só os filmes, mas também as temporadas anteriores, visto que os atores juvenis estão cada vez mais experientes no que fazem.
Falando nos atores, Joshua Bassett, Sofia Wylie e seus colegas de elenco não entregam atuações espetaculares, mas boas o bastante para uma obra teen da Disney. Cada ator sabe como dar vida a seu personagem, convencendo os espectadores e fazendo com que se importem com seus dramas e problemas.
A maior qualidade desta temporada, entretanto, está em seu roteiro. Ainda que com uma ou duas inconsistências, a temporada – que demarca o fim da série – sabe se relacionar de forma inteligente e criativa com ‘High School Musical 3’, que marcou o final da trilogia. Dentre tantos complementos e semelhanças, destaca-se o arco de Gina, que recebe uma grande oportunidade em um local distante, colocando em risco o relacionamento com Ricky – espelhando muito bem o último drama envolvendo Troy e Gabriela.
Desta forma, sabendo homenagear bem seu passado, mas se mantendo fiel ao seu presente, ‘High School Musical: The Musical: The Series’ traz uma temporada final divertida e prazerosa, que encerra este capítulo da franquia HSM de forma bastante criativa. Para aqueles que gostam de musical e, mais ainda, para os que cresceram assistindo aos filmes originais, esta pérola do Disney+ é imperdível e não decepciona.
Com um nome ainda tão forte entre o público jovem – e o não tão jovem – é difícil imaginar que esta seja a última vez que veremos os Wildcats brilhando em cima de um palco. Então: até a próxima, Wildcats!
