Ser astronauta, voar pelos céus, explorar o fundo do mar. Quando a gente é criança, tudo isso é possível na nossa imaginação. Ter isso em mente é o primeiro passo pra mergulhar na leitura de Astro Boy, uma das obras de Osamu Tezuka que está sendo publicada aqui, completo, em uma série em 9 volumes pela JBC.
Ao longo das 400 páginas que compõem o primeiro volume do mangá, vemos o robô em forma de criança comandar uma missão tripulada para Marte, combater piratas submarinos e até fazer um alerta ecológico, contendo uma manada de animais selvagens que atacam Tóquio.
Tudo com o apoio do seu professor (e detetive nas horas vagas,) Shunsaku Ban, o Tio Bigodudo, o cientista Doutor Ochanomizu e seus amigos de escola, Shibugaki, Ken e Tamao, seu melhor amigo.
Inocente, mas não infantil
A inocência é um elemento sempre presente e essencial na coletânea de histórias do Astro Boy reunidas nesse primeiro volume. Seja por sua personalidade bondosa ou pela ausência de maldade das crianças. Mesmo o encrenqueiro Shibugaki.
Entretanto, dizer que as tramas são infantilizadas não poderia estar mais errado. O menino robô combate desde ameaças misteriosas, como os seres gasosos que possuem os corpos das pessoas para cometer atos malignos, matando-as ao sair, até cientistas loucos e outros autômatos fora de controle.
Aliás, como em outros mangás, Tezuka não deixa a morte de lado e mesmo com seu traço característico e mais cartunesco, elas estão lá e fazem diferença nos desfechos, garantindo uma boa dose de drama.
Os arcos iniciais, inclusive, são mais pesados, ao mostrar que Astro Boy foi criado por um renomado cientista para “substituir” seu filho morto e acabou sendo vendido para um circo pelo mesmo simplesmente por nunca envelhecer.
Divertido e atemporal
Publicado originalmente no Japão com o nome Tetsuwan Atom entre 1952 e 1968, Astro Boy surpreende o leitor uma vez que tudo pode acontecer de uma história pra outra. A cada página virada, é possível encontrar e uma aventura de tirar o fôlego, uma trama mais densa que convida a algumas reflexões e outra capaz até de fazer brotar uma lágrima ou outra.
E isso tudo retratado pelo traço divertido e inocente de Osamu Tezuka, mostrando um menino robô ávido por descobrir tudo o que existe no mundo. E até fora dele.