Everybody wants to be…
Dentre tantas obras faladas atualmente, uma delas se destaca de forma grandiosa: Arcane. A segunda temporada da animação da Riot e Netflix, baseada no jogo League of Legends, marcou a indústria ao ser a primeira série da história a ter TODOS seus episódios com nota acima de 9 no IMDB.
Seus méritos, entretanto, vão muito além do que alguns recordes aqui e acolá. Depois de uma primeira temporada excepcional, Arcane volta ainda mais frenética, poderosa e deslumbrante, em três atos de tirar o fôlego, cada um a sua maneira.
ATO I
A segunda e última temporada da animação começa cheio de energia, ressaltandos a rivalidade entre Piltover e Zaun.
Após Jinx executar o maior atentado que a cidade-elite já viu, a série nos leva por uma trama intrigante repleta de tensões. Personagens de ambos os lados do conflito são extremamente relacionáveis, possibilitando um sentimento ambíguo de dúvidas e contradições. Afinal, de que lado da guerra deveríamos estar?
Ao mesmo tempo, balanceia novos personagens com aqueles já queridos pelo público, trabalhando-os em meio a uma complexidade política muito bem escrita. O primeiro ato, portanto, entrega um ótimo ponto de partida, apresentando questionamentos envolventes para o decorrer da temporada que se inicia.
ATO II
A temporada continua mantendo a qualidade, mas aumenta a emoção. Dentre tantas coisas que compõem essa leva de episódios, uma palavra o define bem: família.
Dessa forma, o segundo ato encanta os espectadores com empenho em aprofundar as dinâmicas familiares de Arcane. Por um lado, vemos Caitlyn e Mel em seus tortuosos caminhos de dilemas morais, perante as expectativas políticas carregadas pelos nomes de suas famílias.
Já por outro, temos as irmãs Vi e Jinx, que compõem o núcleo principal da série. A partir deste ponto, a temporada foca em aprofundar ambas as personagens – não só individualmente, mas em conjunto. Somos apresentados a um vislumbre de esperança, conforme os laços familiares, outrora estilhaçados, começam a ressurgir. E, novamente, Arcane faz isso beirando a perfeição.
ATO III
E, por fim, o terceiro ato. Os três últimos episódios da série conseguem entregar tudo o que Arcane teve de excelente desde seu primeiro episódio, condensado em um complô de amor, tensão e frenesi.
O primeiro episódio da última leva, entretanto, traz uma proposta um tanto quanto diferente. Acompanhamos um outro cenário, no melhor estilo “What if“, e as repercussões em Pilltover e Zaun caso a história de Arcane tivesse iniciado de maneira diferente. Com isso, se torna um dos melhores episódios da série, capaz de amolecer até o coração mais rígido.
Os dois episódios finais, ainda que levemente corridos, mantém um ritmo potente para encerrar a história da melhor maneira possível. Em meio a reencontros muito esperados e a urgência de um possível fim de mundo, Arcane atinge seu ápice narrativo. A emoção toma conta em todos os sentidos possíveis – o ânimo e euforia pelo épico, a tensão pelos perigos apresentados e, então, a tristeza pela perda e pelo fim.
…My Enemy!
Arcane, portanto, encerra sua trajetória curta – mas excelente –, de maneira extremamente recompensante. Do primeiro ao último episódio, a beleza de sua arte se mantém. Os traços guiam o espectador por um espetáculo de cores e texturas, misturando ação e emoção, unidos a uma trilha sonora cativante, para entregar uma obra-prima das animações.
Porém, além da belíssima animação, Arcane também entrega a excelência em construção de mundo e desenvolvimento de personagens. Reflete sobre questões profundas, que vão do amor até a própria noção de evolução e progresso, atingindo debates sobre forças superiores e o próprio ato de existir.
Com isso, uma animação fascinante complementa uma trama complexa, profunda e magistral, criando um produto final único, que se consagra como uma das melhores animações já feitas. Se prova, portanto, excepcional: sim, Arcane é tudo isso, e muito mais.
