Exclusivo: entrevista com Antonio Haddad, de Os Outros

Exclusivo: entrevista com Antonio Haddad, de Os Outros
Globoplay

Na noite do último domingo (17), aconteceu a premiação Melhores do Ano, no Domingão com Huck, que deu o prêmio de Melhor Série para Os Outros, do Globoplay. Além disso, a obra também rendeu o prêmio de Melhor Ator para Eduardo Sterblitch, e Melhor Atriz para Adriana Esteves.

Com um roteiro impecável, a série reflete sobre o comportamento humano, a partir da briga entre vizinhos de um condomínio no Rio de Janeiro. Tudo começou quando Marcinho, vivido por Antonio Haddad, entra em uma briga com Rogério (Paulo Mendes) e acaba machucado.

Interpretando o personagem que é elo principal dos acontecimentos da série, esse não é o único papel de Haddad, que está marcando presença em outras produções nacionais. Dentre elas, Haddad já protagonizou o filme Acqua Movie, ao lado de Alessandra Negrini; estrelou na série Escola de Gênios, do Gloob; marcou presença na série B.A.: O Futuro Está Morto, da HBO Max; e interpretou Hebert de Souza na juventude, na série Betinho – No Fio da Navalha.

Tivemos a chance de entrevistar Antonio Haddad, que contou um pouco mais sobre sua carreira e projetos. Abaixo, leia a entrevista completa:

BN: Como um ator que começou a atuar desde pequeno, como foi para você o processo de transição de uma série infantil, “Escola de Gênios”, para obras mais densas, como “Acqua Movie”, “Os Outros” e “B.A.”?

AH: A minha paixão pelas artes vem desde que me entendo por gente. Já minha primeira vez em cima do palco, foi com 3 anos de idade, quando participei da peça “Seios” de Walcyr Carrasco. Desde lá cultivo o crescimento desta paixão em outras modalidades artísticas, realizando projetos não só no teatro, mas também cinema, streaming e TV.

Penso que esse eterno processo de aprendizagem, que permite a transição de densidade entre os personagens, se deve ao repertório que fui absorvendo ao longo dos trabalhos que assisti e participei. Destaco alguns pontos que foram fundamentais para me preparar para esta transição, o quanto aprendi com cada pessoa que assisti e trabalhei, ouvindo conselhos, convivendo, prestando atenção no trabalho e conversando nos corredores…

Outro ponto fundamental para a melhoria constante é a forma de como lidar com o resultado de cada projeto – analisando o que considero dar certo, o que poderia ter feito de melhor, perguntando para os amigos próximos a opinião e por aí vai… Os projetos citados foram bastante importantes para esse processo, fico muito contente de encarar papéis que são, para mim, tão desafiadores, e por isso, me ensinam tanto. É uma honra poder aprender, estudar e evoluir fazendo o que ama. É o meu eterno objetivo!

BN: Na sua opinião, qual o principal impacto positivo que “B.A: O Futuro Está Morto” pode ter no público jovem? O que a série pode agregar aos jovens de hoje?

AH: “BA: O Futuro Está Morto” conta de uma distopia onde um sistema opressor governa, enquanto os jovens em resposta, constroem uma organização que não só os sustenta mas possibilita que se tornem “influencers da esperança”. Os BAs se organizam de maneira semelhante à política e aos grêmios estudantis: reunindo os jovens para decidir sobre o próprio futuro, discutindo opiniões divergentes sobre assuntos diversos, enfim…

A série sugere algo que pode ser uma das soluções para os inúmeros problemas da política no Brasil: um espaço adequado para a juventude poder ser o que é! A arte nos dá a oportunidade de vislumbrar um horizonte diferente, de possíveis realidades. E esta, não está só nas mãos dos artistas, mas também do público, ao realizá-la ou não.

O que “B.A.” pode ensinar, é que a juventude tem espaço. Finalizo citando Chorão cantando junto com a Negra Li: “o jovem no Brasil nunca é levado a sério”, mas a série mostra o oposto! A possibilidade de que sim, a juventude pode ser levada a sério.

BN: Ainda sobre “B.A.”, como foi para você interpretar em uma obra audiovisual saída diretamente das páginas dos quadrinhos?

AH: A HQ O Beijo Adolescente de Rafael Coutinho, não só baseia a estética mas também a história de “BA: O Futuro Está Morto”. O monocromatismo na série, é uma doença que tira a cor dos adultos, junto às emoções. A cor é uma característica dos BAs, e o contraste com os monocromáticos gera, ao meu ver, a sensação da transposição fiel do HQ pras telas.

É uma alegria dar vida a um projeto tão bonito quanto são as HQs do Rafael.

BN: Se você pudesse ter um superpoder, assim como os personagens de “B.A”, qual seria?

AH: Se eu pudesse escolher um superpoder dentre os apresentados pela série, escolheria o personagem Palhaço, interpretado por Shaolin Shabba Shao.

Ele possui um poder que se relaciona com o ofício do artista através da comunicação. Além de possuir qualidades como: eficiência, responsabilidade e sabedoria, que definem um bom comunicador e são domínios que pretendo seguir buscando, pois é o poder da mudança, da esperança, da união…

BN: Agora falando um pouco sobre “Os Outros”, o que o público pode esperar do Marcinho na segunda temporada?

AH: Eu adoraria falar muito pra vocês, mas por enquanto, tudo que posso dizer é que tudo que vocês viram na primeira temporada vai gerar grandes consequências… O Marcinho cresceu (risos)!

BN: Qual você diria que é a principal diferença entre a primeira e a segunda temporada de “Os Outros”?

AH: A mudança de condomínio, do Barra Diamond de prédios, para um condomínio de casas, traz um novo ambiente e novos personagens, como os interpretados por Letícia Colin, Luis Lobianco, Mariana Nunes, Cauê Campos e tantos outros.

BN: Dentre todos os personagens que já interpretou, com qual deles você mais se identifica? E por quê?

AH: De certa forma, tento ao máximo representar nos papéis que faço, alguma identificação entre o público e os personagens. Mas acho que pessoalmente, me vejo muito nesse último trabalho que estreou, Betinho no Fio da Navalha, na Globoplay, onde tive a oportunidade de interpretar o Betinho Jovem.

Sempre me incomodei com as realidades que muitos vivem no nosso país, e mais ainda, me incomodava com a incapacidade de resposta por parte da população e governantes. Betinho me mostrou que esses incômodos são necessários e, quando pensados e discutidos, a mudança se torna possível. Se puder fazer um pedaço da diferença que Betinho fez no nosso país, estaria realizado!

BN: Se tudo der certo, onde o público vai ter o prazer de ver Antonio Haddad daqui há 10 anos? Onde você quer estar na próxima década?

AH: Espero continuar atuando e fazendo trabalhos que me ajudem a evoluir como artista e pessoa. Um sonho que tenho, é fazer o máximo possível para ajudar a democratizar a arte, o acesso ao teatro e ao pensamento artístico… Ainda não sei exatamente como, mas sinto essa urgência de ajudar a expandir o nosso audiovisual brasileiro, espero que dez anos me deem essa clareza… (risos)

A música, outra enorme paixão, terá minha atenção nos próximos anos. Tenho algumas composições e muita vontade de compartilhar. Quem sabe em breve!? Gostaria de agradecer ao Boletim Nerd e a todos os leitores!! Adorei as perguntas e fico muito feliz pelo espaço para conversar com vocês e contar um pouco desses projetos!

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