Preciso confessar que, nos primeiros episódios, não fui com a cara de Demolidor: Renascido. Uma sequência que não parece querer dar sequência à série que teve 3 temporadas lançadas pela Netflix. Seus minutos iniciais deixaram isso bem claro, logo descartando Foggy Nelson (Elden Henson). A passagem de 2 anos também serviu para distanciar a nova atração do Disney+ daquilo que conhecíamos e adorávamos.
Mas este é o mal do fã: se apagar ao que já foi e esperar pela sua replicação. O que, inclusive, quando feito, quase nunca agrada.
Após assistir aos 9 capítulos que compõem a primeira temporada, posso dizer que minha simpatia pelo Demônio de Hell’s Kitchen foi restaurada. Mesmo com diversos elementos diferentes e uma vibe nova, pude curtir cada trama, cena e trilha sonora. Que bom que dei uma chance para a série.
A seguir, minha análise sobre o fez de Demolidor: Renascido o novo acerto da Marvel:
Nas mãos do showrunner Dario Scardapane, o seriado trouxe Matt Murdock (Charlie Cox) em uma nova fase de sua vida, em que seus associados e firma de advocacia são outros – a Nelson & Murdock ficou para trás. Karen Page (Deborah Ann Woll), um de seus maiores amores, não é mais tão presente quanto em outros tempos, pelo menos nesta temporada.
Assim, acabamos conhecendo Kirsten Mcduffie (Nikki M. James), com quem Murdock divide sua clientela, e o investigador Cherry (Clark Johnson). Como novo interesse do protagonista, somos introduzidos à terapeuta Heather Glenn (Margarita Levieva).
São novos rostos e cada um deles possui uma história diferente com Matt. Outra novidade é a introdução de uma trilha sonora eclética, que inclui músicas além de versões do tema de abertura, trazendo emoção e mais dinamismo às cenas.
Mal alastrado pela cidade
A ideia de se ter Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio) utilizando a máquina pública para legitimar seus negócios não é novidade, uma vez que ele fez o mesmo com o FBI na terceira temporada de Demolidor.
No entanto, agora, sua ascensão ao poder é concedida pelo voto popular, tornando-o prefeito de Nova York. Na prática, isso quer dizer que os próprios habitantes da cidade possuem visões compatíveis às do Rei do Crime.
Na Netflix, Fisk era o mal no centro da história, que agia por meio de chantagens e violência. Aqui, ele conta com um sistema de que o apoia. Ou seja, algo mais difícil de ser combatido.
Para piorar as coisas, o Rei do Crime assume a Prefeitura junto de uma corja de aliados à sua altura. Então, entram em cena Daniel Blake (Michael Gandolfini), um manipulador expert em relações públicas cujos rumores dizem se tratar do filho de Fisk, e Buck Cashman (Arty Froushan), que nos quadrinhos é conhecido como “Bullet“.
Vanessa (Ayelet Zurer), por sua vez, alterna entre estar ao lado do vilão e ter sua própria agenda de interesses. Essa subtrama é interessante por fazer Wilson reagir às decepções pela mulher que tem na mais alta estima.
Mais perto dos quadrinhos
Na Netflix, Demolidor buscava adaptar os personagens para uma visão mais semelhante do real, fora da ficção. Aqui, Matt Murdock tenta reconstruir sua vida enquanto lida com raiva e frustração pelas desgraças relacionadas à sua identidade reprimida, ele anda por uma NY viva.
Sendo assim, o rapaz se depara com um serial killer como Muso (Hunter Doohan), e percebe que a Ms. Marvel está logo ali.
Esta também é a mesma cidade pela qual Frank Castle (Jon Bernthal) distribui sua vingança contra aqueles que tomaram para si e distorceram sua marca registada. Aliás, a presença do Justiceiro também indica a medida de violência a qual a série está disposta a empregar.
Com tanta coisa acontecendo, assistir a Demolidor: Renascido é como folhear os quadrinhos do Homem Sem Medo em seus melhores dias.