Shinichiro Watanabe, um dos maiores nomes da animação japonesa, fez sua estreia no Anime Friends 2025. Pela segunda vez no Brasil, o diretor participou de uma coletiva de imprensa, neste sábado (5), e falou sobre a influência brasileira em suas obras, bem como o uso de IA nas produções atuais de animes.
Watanabe e os brasileiros
A primeira vinda de Watanabe ao país aconteceu em 2011, quando participou do Festival Internacional de Animação do Brasil, o Anime Mundi. “Era mais voltado para a arte e não para o anime. Os fãs eram mais quietinhos! E o pessoal do ‘Anime Friends’ tem muita energia!“, observou.
Ele revelou que seu apreço surgiu após assistir a uma produção sobre o país, na adolescência. “Quando eu estava no Ensino Fundamental, eu vi um filme francês que falava sobre um menino do Rio. Desde que vi, fiquei com vontade de vir. Aí quando eu tive a oportunidade, vi que as pessoas são muito acolhedoras e calorosas“, elogiou.
Fã de “Cidade de Deus”, Watanabe reúne uma lista de animes respeitados, incluindo “Cowboy Bebop”, “Samurai Champloo” e o mais recente, “Lazarus”, cujo personagem Axel Gilberto é nipo-brasileiro e possui habilidades de capoeiristas. “Eu fiz o personagem pensando em um brasileiro que nasceu em uma parte mais pobre, sem os pais, perto de gangues e afins. No capítulo 12, eu falo mais sobre a vida dele e como ele era“, destacou.

IA nos animes
Conhecido por transformar música em narrativa e abordar temas relevantes em suas produções, como crítica social e filosofia, ele comentou sobre a importância das mídias digitais. “As pessoas começaram a fazer mais coisas digitais e ficou muito mais fácil para eu produzir as minhas obras“, opinou.
“Por causa dessa evolução da internet, os artistas começaram a fazer mais coisas digitais, no computador e tudo mais. Em ‘Lazarus’, por exemplo, há outros artistas de fora do Japão trabalhando no anime, temos pessoas de fora ajudando, dos Estados Unidos, da Alemanha, da África do Sul, de Filipinas, da China. Então, se vocês souberem de um bom animador, peça-o para participar da minha próxima obra!“, brincou.
Apesar disso, o diretor deixou claro que não é favor de usarem Inteligência Artificial em animes. “Eu não gosto muito dessa parte de usar IA em animações. Inteligência Artificial é boa para pesquisas, mas na hora de criar e fazer animação, eu não gosto que usem“, completou.