Ranger Verde – Ano Um: HQ dá maturidade ao universo dos Power Rangers

Carlos Bazela

A gente vive debatendo sobre heróis novos e antigos. Quem faz sucesso agora e não fazia há uma década, quem fazia e ainda faz, quem vai ser esquecido nos próximos anos… Mas uma coisa não muda: cada geração tem uma formação de Power Rangers para chamar de sua. Adaptados de séries japonesas tipo tokusatsu, os heróis criados por Haim Saban ajudaram a difundir o conceito dos “super sentai” (“super esquadrões”, em japonês) pelo mundo com tramas simples, de peso moral e certa dose de inclusão e diversidade nos personagens.

Não sem gerar polêmica, claro. Principalmente por parte de quem teve acesso ao material original japonês, impedido de ser difundido no ocidente por questões contratuais. Porém, mesmo com qualidade discutível, os Rangers marcaram a infância de muita gente e – assim como a Dynamite fez com os Defensores da Terra – esse é o público que a Boom! Studios quis atingir quando lançou a HQ Power Rangers: Ranger Verde – Ano Um, publicada aqui no Brasil pela Pixel.

O primeiro ponto importante do gibi é que ele não perde tempo com histórias de origem e já começa com um dos fatos mais emblemáticos para os heróis originais: o momento no qual Tommy, o Ranger Verde, desiste de servir Rita Repulsa e toma seu lugar como sexto Power Ranger. Apesar do colorido, nem tudo é doce e simples como era no seriado de TV.

Reencontre a primeira geração dos heróis em Power Rangers: Ranger Verde – Ano Um. (Foto: Divulgação)

Em uma trama densa, escrita por Kyle Higgins, vemos o que se passa na cabeça de Tommy e acompanhamos os seus problemas de adaptação à equipe. Em um olhar adulto, a história mostra até que ponto o adolescente ainda sofre a influência da vilã, enquanto explora outras características dos personagens, como a curiosidade de Billy, o Ranger Azul, que estuda o funcionamento dos Zords, e sua parceira Trini, a Ranger Amarela, dedicada a ajudá-lo com seus complexos de inferioridade.

O ritmo é diferente, pois, quebra o ciclo normal dos tokusatsu ao trazer monstros gigantes logo de cara e retrata os Power Rangers como uma equipe de heróis a ser levada a sério. A dinâmica dos Zords também é outra, provando que são muito úteis separados e não só quando formam o poderoso Megazord – tá liberado ler essa parte cantando em ritmo de Sandy & Júnior, pra quem quiser – algo que só vimos em poucos episódios da série e nos longas para o cinema.

Nos desenhos, os traços de Hendry Prasetya reproduzem a fisionomia dos atores originais e as cores de Matt Herms tomam o cuidado para não descaracterizar os personagens e os Zords, dando o peso devido às cenas, sem infantilizar os heróis coloridos, claramente pensando que o leitor é um fã adulto da Equipe Dinossauro.

A HQ conversa as cores, mas impõe clima mais sério aos Power Rangers. (Foto: Divulgação)

Os vilões também receberam outro olhar graças à arte, com Finster, o artesão de monstros, a soldado Scorpina e até a Rita Repulsa parecendo mais ameaçadores. Assim como Bulk e Skull, que não se resumem mais aos bullies de sempre. Eles agora são youtubers e responsáveis pelo canal Estação Ranger, totalmente voltado para narrar os feitos dos heróis da Alameda dos Anjos.

No fim das contas, Power Rangers: Ranger Verde – Ano Um é uma leitura que surpreende ao reinterpretar personagens queridos da infância de muita gente com uma abordagem madura e atual para leitores adultos aproveitarem. Há tensão o bastante para deixar o leitor ansioso pelo segundo volume – que, aliás, ainda não foi lançado pela Pixel.

Power Rangers: Ranger Verde – Ano Um
Editora: Pixel
Autor: Kyle Higgins (roteiro), Hendry Prasetya (desenhos) e Matt Herms (cores)
Capa: dura
Lombada: quadrada
Páginas: 128
Formato: 26,2 x 17 cm
Lançamento: março / 2017

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