Stranger Things: Amizade, mistério, nostalgia e referências nerds

Junte tudo o que aconteceu de melhor na cultura nerd nas últimas décadas, especialmente entre os anos 1970 e 1980, e coloque em uma série que, apesar de todas as influências, apresenta autenticidade, histórias envolventes e personagens extremamente carismáticos. Isso é Stranger Things, atração criada e dirigida por Matt e Ross Duffer (creditados como The Duffer Brothers, de Wayward Pines) e que estreou em 15/07 na Netflix. Com apenas 8 episódios em sua temporada de abertura, o programa não precisa de mais do que alguns minutos para conquistar e despertar o sentimento de nostalgia, com passeios de bicicleta, walkie-talkies, fitas K7, festas às escondidas e primeiros amores.

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Com citações à Força, Yoda e Lando Calrissian na série, o cartaz de Stranger Things lembra os pôsteres de Star Wars, não? (Foto: Netflix)

Apostando em uma aventura entre amigos pré-adolescentes, teorias da conspiração e muito mistério, Stranger Things se passa em 1983, na pequena cidade de Hawkins, em Indiana (EUA). É lá que, depois de um dia jogando o RPG Dungeons & Dragons (jogo que rendeu o desenho Caverna do Dragão) com Mike (Finn Wolfhard, de Supernatural), Dustin (Gaten Matarazzo, de The Blacklist) e Lucas (Caleb McLaughlin, de Shades of Blue), Will Byers (Noah Schnapp, de Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme) desaparece enquanto volta para casa, atacado por uma criatura de procedência desconhecida.

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Will é levado para o chamado Mundo Invertido, lar do Demogorgon. (Foto: Netflix)

Começa assim a procura pelo menino, liderada (não oficialmente) pela sua mãe, Joyce (Winona Ryder, de Edward Mãos de Tesoura), que definha seguir diversas pistas aparentemente inacreditáveis. Ao lado dela, surge seu filho mais velho, Jonathan (Charlie Heaton, de As You Are), um rapaz antissocial e considerado um pária na escola, mas que possui grandes habilidades com a câmera fotográfica. No rastro de Will, também é apresentado o cético delegado Jim Hopper (David Harbour, de O Protetor), cujos traumas do passado motivam a prosseguir com a investigação.

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Intérpretes de Jonathan e Joyce Byers, Charlie Heaton e Winona Ryder definham aos olhos do público. (Foto: Netflix)

E Mike, Dustin e Lucas – os melhores (e únicos) amigos de Will – não ficam de fora, realizando suas próprias buscas. Contudo, enquanto tenta encontrar Will, o grupo se depara com a misteriosa Eleven (Millie Bobby Brown, de Intruders) – ou “Onze”, em tradução –, menina de cabeça raspada e que pode (ou não) estar relacionada às coisas estranhas que acontecem em Hawkins. De pouquíssimas palavras e superpoderes (sim, poderes telecinéticos!), a garota com nome de número é a responsável por indicar a trilha correta para Mike, Dustin e Lucas – isto é, o envolvimento do governo, através da companhia de “Hawkins Energia e Luz”.

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É difícil saber quem é o protagonista de Stranger Things, mas pode se dizer que Mike é o sensível, Lucas é o inteligente e Dustin é o engraçado. Eleven? Ela é a menina nova, como na escola. (Foto: Netflix)

No decorrer da 1ª temporada, são desenhados três núcleos em Stranger Things: o das crianças, o dos adolescentes e o dos adultos. Deste modo, além de Mike, Dustin, Lucas e Eleven, protagonizando uma história que remete a Os Goonies, Conta Comigo e Arquivo X, Jonathan e Nancy (Natalia Dyer, de I Believe in Unicorns), a irmã de Mike, reúnem-se numa trama sobre autoafirmação, amadurecimento e formação de caráter, lembrando as obras de John Hughes, de Gatinhas e Gatões, Clube dos Cinco e Curtindo a Vida Adoidado. Enquanto isso, Joyce e Hopper se aliam para solucionar o caso, em cenas que vão de Poltergeist: O Fenômeno, O Iluminado à Contatos Imediatos do Terceiro Grau.

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Se as letras na parede remetem a um tabuleiro ouija, a cena de Joyce é inspirada em O Iluminado. (Foto: Netflix)

Exclusivamente quando “El” (apelido de Eleven) aparece, é clara a inspiração do seriado em E.T. – O Extraterrestre, Chamas da Vingança, Minority Report: A Nova Lei e Carrie, a Estranha, assim como são feitas referências a Star Wars e X-Men (há uma citação específica sobre a HQ X-Men Vol. 1 #134 – parte da saga da Fênix Negra) sempre que a menina manifesta alguma de suas habilidades paranormais. Já o monstro, chamado de Demogorgon, evoca produções como Predador, Sob a Pele, Alien, o Oitavo Passageiro, A Pequena Loja dos Horrores e A Hora do Pesadelo. Além disso, elementos de Twin Peaks, Viagem ao Mundo dos Sonhos, The Twilight Zone, A Bruma AssassinaComando Para Matar, Viagens AlucinantesDublê de Corpo, Karatê Kid – A Hora da Verdade O Labirinto do Fauno estão presentes.

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Em experimentos comandados pelo Dr. Martin Brenner (Matthew Modine), Eleven demonstra habilidades semelhantes às do mutante Professor Charles Xavier. (Foto: Netflix)

Magistralmente dirigida por The Duffer Brothers e Shawn Levy (Sinistro, Animorphs e The Journey of Allen Strange, que remetem a gêneros similares a Stranger Things), a atração se desenvolve de maneira cadenciada e criativa, instigando o telespectador e proporcionando lhe uma grande dose de sustos. Em mais um caso de casting perfeito, todos os atores têm performances acima da média, com destaque para a revelação Millie Bobby Brown, Charlie Heaton, David Harbour e a experiente Winona Ryder – que aproveita bem a nova oportunidade.

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Com três tramas rodando simultaneamente, Stranger Things acerta ao apostar em clichês do gênero. Um deles? O herói caído em busca de redenção, vivido pelo delegado Hopper. (Foto: Netflix)

Uma homenagem genuína ao legado de Steven Spielberg e Stephen King, Stranger Things não só impressiona pelo suspense, teorias da conspiração e o flerte com o terror, mas também coloca em pauta lições de amizade e lealdade. Simultaneamente, a série ainda usa a figura de Ted Wheeler (Joe Chrest, de Homem-Formiga) – pai de Mike e Nancy – para criticar uma geração de pais distantes e passivos e, da mesma forma, ao situar-se numa época sem redes sociais, mostra que as melhores experiências que se pode ter estão lá fora, no mundo real.

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Nancy precisa decidir se quer ser uma pessoa popular, com Steve (Joe Keery) e seus amigos fúteis, ou se prefere ignorar as opiniões alheias para viver algo mais profundo com Jonathan. (Foto: Netflix)

Como se não bastasse, Stranger Things conta com Should I Stay or Should I Go, de The Clash, Africa, de Toto, Waiting for a Girl Like You, de Foreigner, e Atmosphere, de Joy Division, na trilha sonora, menciona O Hobbit, de J. R. R. Tolkien, e carrega easter eggs dos clássicos Tubarão, O Enigma de Outro Mundo (a obra de John Carpenter influencia a atração), Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio e He-Man. Fora isso, há pontas soltas para uma possível 2ª temporada.

Precisa de mais?

Confira os 8 minutos iniciais de Stranger Things:

E, abaixo, assista ao vídeo* com todas as referências da primeira temporada de Stranger Things:

* editado pelo jornalista francês Ulysse Thevenon.

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