Imagine presenciar o lançamento de um clássico de espionagem sem estar em 1960. Assim é assistir a O Agente da U.N.C.L.E. (The Man from U.N.C.L.E., EUA 2015). Dirigida por Guy Ritchie (Snatch: Porcos e Diamantes), a produção leva aos cinemas uma nova abordagem sobre o seriado homônimo, que fez sucesso entre 1964 e 1968. Protagonizado por Henry Cavill (O Homem de Aço) e Armie Hammer (A Rede Social), o filme reproduz o clima de obras antigas e usa toda a qualidade dos recursos atuais.
Passada no auge da Guerra Fria (em meados dos anos 60), a trama coloca os agentes Napoleon Solo (Cavill), da CIA, e Illya Kuryakin (Hammer), da KGB, tentando impedir que uma organização produza armas nucleares, um perigo de proporções mundiais. Para isso, o americano e o russo (cada um representando os interesses de seus países) rumam à Alemanha Oriental para encontrar Gaby (Alicia Vikander, de O Sétimo Filho), a filha de um cientista alemão desaparecido e expert na fabricação de bombas.
Depois de um primeiro confronto, a dupla se vê obrigada a trabalhar na mesma missão: utilizar Gaby para se infiltrar entre os criminosos e roubar os dados sobre os explosivos. Nesta interação entre os espiões é que surge o principal trunfo do longa-metragem, pois são constantes as rusgas e alfinetadas entre o canastrão Solo, um ex-ladrão de antiguidades, e o temperamental/raivoso Kuryakin, vítima de infância traumática. Aqui, vale destacar o entrosamento de Cavill e Hammer, que atuam com maestria.
Em Roma, o trio consegue contato com Alexander (Luca Calvani, de Quando em Roma) e Victoria Vinciguerra (Elizabeth Debicki, de O Grande Gatsby), responsáveis pelo desenvolvimento dos armamentos nucleares. Inspirado pela paisagem italiana, o filme exibe figurinos de elegância extraordinária, cenários detalhados e carros de fazer inveja a qualquer colecionador. Além de ser agradável para os olhos, O Agente da U.N.C.L.E. é uma excelente pedida aos ouvidos, uma vez que sua trilha sonora demonstra bom gosto como há muito não se escutava numa sala de cinema.
O longa apresenta diálogos entoados de forma engessada e falas com duplo sentido (como era comum nos títulos da metade do século passado), estratégia que se encaixa perfeitamente à proposta de recriar um clássico. No entanto, o dinamismo de Guy Ritchie e a reinvenção dos personagens conferem identidade própria para a produção, que ainda tem a participação de Hugh Grant (Tudo pela Fama) na pele de Waverly, comandante da União de Nações para Comando da Lei e sua Execução (U.N.C.L.E.).
O Agente da U.N.C.L.E. precisa ter sequências.
O Agente da U.N.C.L.E. estreia nesta quinta-feira (03/09).
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