O público está habituado a assistir animações de comédia e aventura nos cinemas. Anomalisa (Anomalisa, EUA, 2015) oferece uma experiência completamente diferente do que se vê na “era do 3D”. Dirigido por Charlie Kaufman (roteirista de Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças) e Duke Johnson (Community), o filme aborda situações e períodos pelos quais todo ser humano está sujeito, de maneira original, comovente e, por vezes, bem-humorada.
Na história, Michael Stone é um homem de meia-idade incomodado com a rotina de sua vida, apesar de ser marido, pai e um escritor renomado, autor do livro “Como Posso Ajudá-lo a Ajudá-los?”. Contando com a voz de David Thewlis (conhecido pelo papel de Lupin, dos longas Harry Potter), o personagem não é exatamente alguém agradável, transitando entre os estados de insatisfação, confusão e amargura.
No entanto, numa viagem a Cincinnati (nos Estados Unidos), na qual Michael é convidado a palestrar sobre a publicação, o protagonista encontra Lisa (dublada por Jennifer Jason Leigh, de Os Oito Odiados), uma representante de vendas, que pode representar o refúgio da angústia que tanto o afeta. Por sua vez, a moça é repleta de traumas e inseguranças, o que faz de Michael um alívio para seus problemas de autoconfiança.
Para contar uma história tão rara, os diretores escolheram a técnica stop motion (algo como “movimento parado”), recurso que enfatiza as emoções nas faces de Michael e Lisa especialmente, e também dá aspecto delicado à produção. Ao escalar o ator Tom Noonan (12 Monkeys) para interpretar todas as outras pessoas que surgem no decorrer da trama, a obra ilustra com clareza a forma com que Michael Stone recebe o mundo ao redor.
Embora seus personagens sejam bonecos, Anomalisa não tem roteiro plastificado e, portanto, foge do óbvio.
Um retrato da depressão e das condições humanas, o filme é um dos fortes candidatos ao Oscar de Melhor Animação.
Anomalisa estreia nesta quinta-feira (28/01).
