Filmes sobre vingança são comuns, especialmente aqueles que são sobre justiceiros mascarados. A dor e a raiva são capazes de nos transformar, a fim de fazer justiça com as próprias mãos. Pela primeira vez, temos a oportunidade de testemunhar a ascensão de um super-herói brasileiro que vai à luta por estar indignado com a política nacional, conheça: O Doutrinador. Resultado do cansaço com a corrupção, injustiça e miséria que assolam a pátria, o filme é dirigido por Gustavo Bonafé (Legalize Já) e adaptação dos quadrinhos escritos por Leonardo Cunha.
O policial federal Miguel Montesanti (Kiko Pissolato, de Rio Heroes) trabalha em uma força-tarefa para acabar com a corrupção e prender políticos que desviavam dinheiro público, tendo levado sob custódia governador Sandro Correa (Eduardo Moscovis, de Alma Gêmea), mas o vê escapar pelas brechas de uma legislação falha. Quando sua equipe é desviada para outro tipo de missões, Miguel passa a duvidar do sistema que integra. Para o protagonista, a gota d’água é perder a filha, Isabela (Natalia Lage, de O Homem do Ano), vítima de bala perdida.
Embora encontre sua originalidade, o longa se assemelha a maioria das histórias de justiceiros. A construção do personagem é rápida, sem tanta fundamentação – deixando a impressão de que caberia mais aprofundamento –, porém, de forma condizente com a realização dessa transformação. O longa acerta ao explorar os erros tanto de nosso sistema contra a própria população, tornado a experiência mais atrativa ao trazer à tona verdades que explicam o clima de raiva que tem moldado quem circula pelas ruas brasileiras diariamente.
O Doutrinador ressalta que a mudança acontece quando alguém deixa de fazer vista grossa à corrupção, injustiça e maucaratismo, pois isso motiva as outras pessoas a fazerem igual. Só assim daremos fim às aflições e dilemas do Brasil.
A mensagem foi dita e realçada: quando você muda, todos ao seu redor mudarão.
